O que é uma embalagem? Esta simples pergunta pode ter vários
tipos de respostas. Por exemplo, para a pessoa de marketing, embalagem é um meio de apresentar o produto para gerar
vendas.
Para a pessoa de distribuição, é um meio de proteger o
produto durante o transporte, estocagem e movimentação. Já para o consumidor de
varejo, embalagem é um meio de satisfazer ao desejo de consumo do produto.
Embalagem pode ser definida como sendo o sistema integrado
de materiais e equipamentos com que se procura levar os bens e produtos às mãos
do consumidor final, utilizando-se dos canais de distribuição e incluindo
métodos de uso e aplicação do produto.
Figura 01 – Forma comum de
embalagem.
Também pode ser um elemento ou conjunto de elementos
destinados a envolver, conter e proteger produtos durante sua movimentação,
transporte, armazenagem, comercialização e consumo. Além disso, pode incluir a
limpeza, secagem, preservação, empacotamento, marcação e unitização.
Conceito do sistema de embalagem
Entende-se como sistema de embalagem tudo aquilo que a
envolve, suas operações e materiais necessários para mover os produtos do ponto
de origem até o consumo, inclusive maquinários, equipamentos e veículos para o
seu embarque.
A melhor definição de embalagem é de um sistema, não
simplesmente de um contenedor físico, mas sim de um conjunto interrelacionado
de componentes de atividades, constituído de:
1.
Matéria-prima básica (isto é, madeira, areia, minérios
e produtos químicos);
2.
Operações que conformam os materiais em
embalagem ou contenedores;
3.
Operações onde a embalagem é preenchida,
quantificada, inspecionada quanto à qualidade e fechada;
4.
Unitização ou outras preparações para
distribuição;
5.
Distribuição através de canais, envolvendo
estocagem, movimentação e transporte;
6.
Esvaziamento da embalagem através do consumo do
produto;
7.
Disposição, reutilização ou reciclagem da
embalagem.
Classificação das embalagens
Existem embalagens que são, essencialmente, de transporte
(uma caixa de madeira) ou de apresentação (o envoltório de um tablete de
chocolate), e embalagens que são essencialmente de conservação (o óleo com o
qual se cobre um objeto metálico, para sua conservação). Mas, estes constituem
exemplos limites e, apesar deles, a divisão não é tão nítida como poderia
parecer à primeira vista. O envoltório de chocolate serve para apresentar o
produto, mas também, ainda que por pouco tempo, para conservá-lo; o óleo
conserva o objeto metálico, mas também pode protege-lo durante sua expedição;
inclusive a caixa de madeira, construída adequadamente, pode contribuir para a
apresentação do produto ou para dar uma imagem da empresa.
Na realidade, proteção, apresentação e conservação são mais
funções que atributos da embalagem.
Uma embalagem ou um conjunto de embalagens podem ser
classificados de divesas maneiras, a ver:
1.
Funções:
Primária, secundária, terciária,
quaternária e de quinto nível.
2.
Finalidade:
De consumo (venda ou de
apresentação);
Expositora;
De distribuição física;
De transporte e exportação;
Industrial ou de movimentação;
De armazenagem.
3.
Movimentação:
Movimentadas manualmente;
Movimentadas mecanicamente.
4.
Utilidade:
Retornáveis;
Não retornáveis.
Embalagem primária
— é aquela que contém o produto (vidro, lata, plástico, etc.), sendo a medida
de produção e de consumo. Também pode ser a unidade de venda no varejo.
Figura 02 – Embalagem
primária.
Embalagem
secundária — é o acondicionamento (contenedor) que protege a embalagem
primária. Por exemplo, uma bandeja de cartão com filme termoencolhível.
Figura 03 – Embalagem
secundária.
Embalagem
terciária — é o caso das caixas de madeira, papelão, plástico ou outro
material. A combinação da embalagem primária e secundária acaba sendo a medida
de venda ao atacadista.
Figura 4 – Embalagem
terciária.
Embalagem
quaternária — envolve o contenedor, que facilita a movimentação e a
armazenagem.
Figura 5 – Embalagem
quaternária.
Embalagem de
quinto nível — é a unidade conteinerizada ou as embalagens especiais para
envio a longa distância.
Figura 6 – Embalagem de
quinto nível.
Embalagem de
consumo — É a embalagem primária e, às vezes, a secundária, que levam o
produto ao consumidor. Por isso, é que geralmente é estudada e projetada
cuidadosamente. Naturalmente, aplica-se apenas aos produtos de grande consumo.
Requer, principalmente, em função da organização do consumo durante um certo
período, a definição das dimensões, da forma, da cor geral, e do aspecto
gráfico, de maneira a torná-la atraente ao cliente. A embalagem de distribuição
geralmente precisa de acondicionamento para as operações de movimentação e
armazenagem.
Embalagem
expositora — é aquela que, além de poder transportar o produto, visa expor
o mesmo. Contém apelos para que a venda seja efetuada, impondo ao comprador um
forte impulso para que realize a compra no ato. Chamada também de auto-venda.
Caracteriza-se ainda por:
1.
Ser usada para as mercadorias de vendas diárias;
2.
Manter unidas e protegidas as embalagens de
consumo durante o transporte e a movimentação;
3.
Ser empilhável;
Figura 7 – Embalagem
expositora.
4.
Estar “pronta para venda”, exigindo o menor
esforço para abri-la;
5.
Ter um texto e decoração atrativa;
6.
Permitir a coleta da embalagem de consumo;
7.
Ser fácil de manipular, tanto em peso quanto em
volume.
Embalagem de
distribuição física — é aquela destinada a proteger o produto, suportando
as condições físicas encontradas no processo de carga, transporte, descarga e
entrega. Pode ser uma embalagem primária (uma industrial, como um tambor, pr
exemplo), ou secundária, isto é, uma embalagem de produtos pré-embalados em
unidades menores. Ela pode ou não ser unitizada, alcochoada ou
impermeabilizada, e envolve a definição de um sistema de embalagem, que veremos
nos próximos capítulos.
Mais fácil que conceituar, é citar alguns exemplos. Chamamos
de embalagens de distribuição física as seguintes:
1.
Embalagens de papelão ondulado;
2.
Caixas de madeira e plástico;
3.
Engradados de madeira;
4.
Sacos de papel ou plásticos;
5.
Tambores de aço, fibra, plásticos ou mistos;
6.
Cilindros e bujões para gases;
7.
Barris e tonéis de madeira;
8.
Fardos;
9.
Carretéis para cabos;
10.
Tanques paletizados;
11.
Contenedores flexíveis para granéis;
12.
Berços (“racks”)
para fixação, empilhamento e transporte de peças;
13.
Bases de madeira (“skids”) para acondicionamento de maquinário;
14.
Bombonas para produtos químicos.
São as seguintes as características da embalagem de
distribuição física:
·
Proteger o produto durante as duras etapas de
distribuição física;
·
Fornecer identificação do conteúdo e instruções
especiais para utilização;
·
Fornecer ao cliente facilidades para abrir,
desembalar, fechar novamente, reutilizar ou descartar.
·
O sistema total não é embalar: é distribuir o
produto.
Embalagem de
transporte e exportação — É a embalagem ou o acondicionamento que protege
um produto durante os diversos modos de transporte, geralmente facilitando
estas operações.
Pode acompanhar o produto desde a fábrica até o destinatário
final (como no caso de máquinas, geladeiras, etc.), ou desde a fábrica até um
centro de distribuição, como um supermercado, por exemplo.
O seu conceito envolve a embalagem destinada a conter e/ou
proteger o produto embalado durante o transporte e, consequentemente, durante
os manuseios, as movimentações mecânicas e as estocagens. Tal conceito pode ser
aplicado também a certos tipos de embalagens de venda ao consumidor, dotadas de
proteção a choques, vibrações e umidade.
Figura 8 – Embalagem de
transporte.
Tambores e outras embalagens “primárias”, de venda ao
consumidor, também são consideradas embalagens de transporte.
·
A sua principal função é proteger o conteúdo dos
acasos de transporte.
·
Deve ser estruturada em função dos elementos
seguintes:
·
Natureza da mercadoria;
·
Meios de transporte utilizados sucessivamente;
·
Meios de movimentação usados nas várias escalas,
incluindo os das extremidades do percurso;
·
Duração e meios de transporte;
·
Influência climática das zonas atravessadas
(calor, frio, chuvas), considerando o período de expedição e a duração total do
transporte (incluindo os eventuais tempos de paradas e de armazenagem);
·
Disposição especiais resultantes de regulamentos
legais (alfândegas, autoridades portuárias, etc).
Por outro lado, a embalagem de
transporte permite, na maior parte dos casos, a armazenagem de duração mais ou
menos longa, quer antes da expedição, quer durante as escalas, ou ainda no
decurso do transporte pelos vários entrepostos e armazéns.
Embalagem
industrial ou de movimentação — É aquela que protege o material durante a
estocagem e a movimentação dentro de um conjunto industrial, entre fábricas de
uma mesma empresa ou entre fornecedores e clientes.
Caracteriza-se por apresentar: uso repetitivo; dispositivos para erguer e içar e encaixes
auto-suportantes.
Exemplo: contenedores, caçambas, paletes, etc.
A embalagem industrial é movimentada com muita frequência,
razão pela qual precisa ser robusta para suportar os impactos de empilhadeira,
batida no solo e transporte em carretas ou caminhões. Possui diversas formas,
de modo a adaptar-se aos vários tipos de áreas de trabalho — fundição,
usinagem, estamparia, tecelagem, injeção, etc.
Embalagem de
armazenagem — Tem a função e proteger o material dos agentes agressivos
externos:
·
Dos agentes físicos: choques, variações de
temperatura, grau higrométrico, luminosidade;
·
Dos agentes químicos: vapores ácidos, ação do ar
sobre o comportamento químico de alguns produtos de fraca estabilidade;
·
Dos parasitas vegetais ou animais: bolores,
bactérias, insetos, roedores, etc.
Esta embalagem pode ser formada por uma simples película de
óleo, gordura e cera ou comportar um revestimento hermético, simples ou
composto, como uma folha de plástico e até um silo.
Uma outra forma de classificação das embalagens e quanto à
movimentação: manual ou mecânica.
Figura 9 – Embalagem para
armazenamento de produto a granel.
Embalagem
movimentada manualmente — É aquela não adequada à operação por empilhadeira
ou outro veículo industrial, e cujo peso não deve exceder a 30 kg.
Embalagem movimentada mecanicamente — É aquela em que a
quantidade de volumes a serem transportados é muito grande, o número de
movimentações é considerável, as distâncias ou alturas são grandes ou possui
peso acima de 30 kg, sendo necessário recorrer à movimentação mecânica. Para
isto, são geralmente utilizadas (cargas paletizadas, “slip-sheeted”, “skidded”,
embaladas por encolhimento, conteinizadas, etc.), de forma que possa ser
movimentada por uma empilhadeira ou outro veículo industrial.
Embalagem
retornável — Como diz o próp+rio nome, é aquela que retorna à origem,
geralmente para sua reutilização industrial.
Quando bem projetada, tem uma longa vida de uso. Geralmente
leva a marca do seu proprietário.
Incluem-se os cestos e caixas metálicas, caixas e engradados
reforçados com madeira, contenedores de metal ou plástico, dispositivos
especiais, paletes, plataformas metálicas (rack),
etc.
Figura 10 – Embalagem paletizada
retornável.
Apresenta as seguintes características:
1.
Requer investimento e, portanto, capital
adicional;
2.
Quando não desmontável ou colapsível, ocupa o
mesmo espaço quando vazia ou cheia;
3.
Implica em custo de transporte, para retorno;
4.
Requer controles de expedição e recebimento;
5.
Exige documentação fiscal para o seu transporte;
6.
Requer manutenção e conservação constante;
7.
É obrigatório, por foça de lei, que a empresa a
identifique com seu nome e numeração sequencial, para controle. Por exemplo:
“propriedade da (nome da empresa)”.
Embalagem não-retornável
— é utilizada em um único ciclo da distribuição. Em alguns casos, é
reaproveitada pelo destinatário.
Geralmente, é constituída em madeira, papelão ondulado,
plástico, sacos multifolhados de papel, tambores de fibra, etc.
Apresenta as seguintes características:
1.
Menor custo (é considerada despesa, e não
investimento);
2.
Dispensa controles e documentação fiscal;
3.
É leve e, portanto, implica em menor custo de
transporte;
4.
Deve ser resistente para permitir boa estabilidade
da carga no ciclo da distribuição e armazenagem.
Mais importante é, no que diz respeito à terminologia, a
distinção entre embalagem retornável e não retornável. Estas formas de
assimilar o destino final de uma embalagem, uma vez liberado seu conteúdo, são
eficazes, sem dúvida, para distinguir a retornável e reintroduzi-la no mercado
da que, pelo contrário, é abandonada e que constitui um grave problema
ecológico, higiênico, social e estético. É interessante assinalar que o volume
de embalagem não-retornável e reciclável diminui em relação ao de embalagem que
vai ingressar nas lixeiras.
Figura 11 – Embalagem
paletizada não retornável.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1] MOURA, R. A. Equipamentos de
Movimentação e Armazenagem. 5. ed. São Paulo: IMAM, 2000. Série manual de
logística. Vol. 4.
[2] MOURA, R. A. Embalagem,
unitização & conteinerização. 2. ed. São Paulo: IMAM, 1997. Série manual de
logística. Vol. 3.