O
termo Centro de Distribuição surgiu como uma expressão moderna de se tratar a
armazenagem, mas com alguns conceitos diferentes e que interferem diretamente
em sua operacionalização. Nestes Centros de Distribuição ocorrem as seguintes
operações de uma forma bem sistematizada para que se possa dar agilidade nos
processos: as mercadorias vêm de diversos fornecedores em grandes quantidades
(cargas consolidadas). São armazenadas e sua distribuição é feita de forma
fracionada a fim de poder oferecer aos seus clientes a opção de aquisição de
vários itens em quantidades menores do que a fornecida diretamente pelos fabricantes.
A disposição dos Centros de Distribuição é regional para facilitar a
proximidade e agilidade no atendimento de seus clientes.
Atualmente
o conceito de Centro de Distribuição deixou de ser um depósito ou armazém para
acomodação de mercadorias e materiais, e passou a ser uma forma diferente e
estratégica de colocação de produtos no mercado. Se bem estruturado e com um
posicionamento geográfico estratégico, o CD pode trazer muitos benefícios para
a empresa e seus clientes e fazer a grande diferença perante os concorrentes. A
montagem de um CD requer uma preparação estratégica e até mesmo a mudança de
procedimentos e processos dentro da empresa, para que se tenha uma boa
eficiência desta estrutura. Alves (2000, p.139) aponta uma grande diferença entre
os depósitos e os CDs: os depósitos, operados no sistema push, são “instalações
cujo objetivo principal é armazenar produtos para ofertar aos clientes”; já os
CDs, operados no sistema pull, são “instalações cujo objetivo é receber
produtos just-in-time de modo a atender às necessidades dos clientes”.
Funções
básicas de um centro de distribuição
São
executadas em um CD as seguintes atividades básicas: recebimento de
mercadorias, conferência, movimentação até o local de armazenagem ou de despacho,
guarda/armazenagem de mercadorias, separação de pedidos, embalagem e
expedição/transporte, inclui também a auditoria do estoque. (Souza, 2010, pág.
15).
Toda
mercadoria que chega pela transportadora, proveniente de um fornecedor, é
recebida em volumes devidamente identificados, conferidas juntamente com seus
respectivos documentos (NF, romaneio e conhecimento de transporte). Caso haja
divergências ou avarias, as mesmas devem ser comunicadas e relatadas para as
devidas providências (reposição ou ressarcimento).
Após
esta etapa, verifica-se se estas mercadorias deverão ser encaminhadas para a
área de armazenagem (picking) para aguardarem uma venda posterior, ou se
seguirão diretamente ao cliente. Este processo conhecido como (crossdocking - é
a operação na qual o produto é recebido e encaminhado diretamente para a
expedição, de acordo com Apte & Viswanathan (2000), com o mínimo de tempo
possível a fim de não manter estoque e gerar custos com armazenagem).
As
mercadorias que ficarão em estoque devem ter seus volumes desmembrados,
conferidos, separados por código e/ou modelo. Deverão ser conferidas suas
quantidades e identificadas com o endereço ou localização que ficarão dentro do
armazém e em seguida transportadas até o local de estocagem onde deverão
permanecer até que sejam solicitadas em algum pedido de venda ou transferência.
Neste caso as mesmas serão separadas de acordo com a quantidade solicitada e
encaminhada para expedição, onde serão conferidas, embaladas, identificadas e
transportadas até o seu destino final. As etapas realizadas no CD serão
detalhadas mais abaixo.
Recebimento
Toda
a operação de um Centro de Distribuição se inicia pelo recebimento de
mercadorias, atividade esta que serve de base para a realização de todas as
outras. Consistem na descarga dos produtos enviados pelos fornecedores, a
conferência de quantidades e a integridade do produto. Após concluído o
processo de conferência, são feitos os lançamentos das informações no sistema
de gerenciamento do armazém (Warehouse Management Systems), assim atualiza-se o
estoque e obtém a exata localização onde as respectivas mercadorias devem ser
acomodadas até que sejam solicitadas. (RODRIGUES, 2003).
Movimentação
A
movimentação de mercadorias acontece desde o recebimento até a entrega para o
consumidor final ou para outros que irão redistribuir estas mercadorias. A
movimentação interna consiste em recebê-las, conferi-las e em seguida
transportá-las até o ponto onde ficarão armazenadas. Também é considerada
movimentação interna a realocação de mercadorias em outros locais dentro do
Centro de Distribuição para otimizar espaço e para sua posterior expedição.
Consideramos movimentação externa, o transporte de mercadorias até o seu
destino final (cliente/consumidor). Toda esta movimentação envolve custos para
o Centro de Distribuição, pois utiliza mão-de-obra, tempo e também temos que
computar os riscos de avarias e percas em função destas movimentações.
Portanto, buscando minimizar estes custos, deve-se avaliar a necessidade de todas
as movimentações. (RODRIGUES & PIZZOLATO, 2003).
A
oportunidade de reduzir a intensidade da mão-de-obra e aumentar sua
produtividade reside nas novas tecnologias de movimentação e manuseio de
materiais que estão emergindo atualmente. Segundo Moura (1998), o tipo de
equipamento utilizado na movimentação de materiais afeta a eficiência e o custo
de operação do CD.
Armazenagem
Consiste
em manter estoques necessários para não haver gargalos entre a oferta e a
demanda. Existe um custo elevado em se manter estes estoques, mas isto se faz
necessário para que não se tenha custo maior no caso de haver falta de uma
determinada mercadoria e ter que se fazer à aquisição a preços maiores do que
aqueles que se conseguiria em outra oportunidade, podendo buscar melhores
fornecedores, preços mais competitivos e melhores prazos. Estes estoques devem
ser mínimos, evitando assim gastos desnecessários com mão-de-obra, manutenção
de estoque, equipamentos e alto capital investido. (RODRIGUES & PIZZOLATO,
2003).
A
área de armazenagem dos CDs é composta, segundo Calazans (2001), por estruturas
como porta-paletes, drive-in, estantes e racks, que são separadas por
corredores para ter acesso às mercadorias. Esses corredores são sinalizados
para facilitar a operação do CD.
Separação de pedidos
A
separação de pedidos (picking) é a “coleta do mix correto de produtos, em suas
quantidades corretas da área de armazenagem para satisfazer as necessidades do
consumidor” (LIMA, 2002 p.2). O mais importante nesta etapa é a correta
separação dos itens solicitados no pedido para que se evite reclamações e
transtornos posteriores, gerando insatisfação dos clientes. Esta etapa é a que
mais consome custos operacionais em um Centro de Distribuição.
A
parte de acomodação das mercadorias ocupa quase todo o espaço dentro do Centro
de Distribuição, por isso é de fundamental importância para agilidade nas
operações, que se tenha alternativas para diminuir o tempo gasto com
deslocamento de operadores para separação de mercadorias. A sugestão é criar
formas práticas de estocagem, endereçamentos lógicos e rotas eficientes para
obtenção dos produtos. (RODRIGUES, 2003)
Expedição
Finalmente
chegamos a expedição, considerada a etapa final a ser realizada dentro de um
Centro de Distribuição. Nesta etapa o ponto mais importante é a verificação e
conferência das mercadorias separadas para envio do pedido. Deve-se ter
ferramentas para fornecer segurança nesta conferência, como leitores de código
de barras. Após a conferência, deve-se embalar os produtos de forma a garantir
que os mesmos não sofram avarias no trajeto até seu destino final. Preparam-se
todas as embalagens e documentação que deve acompanhar o pedido e aciona-se o
devido meio de transporte para coleta.
Existem
alguns fatores que podem influenciar na operação de expedição de uma forma
negativa, como: atrasos de transportadoras, problemas na emissão da lista de
separação e nota fiscal de saída (principalmente agora que todos operam com
nota fiscal eletrônica), não manter sincronia entre recebimento e expedição nas
operações de crossdocking e picos de demanda que não foram adequadamente
planejados. (RODRIGUES, 2003).
Vantagens
na adoção do cd no sistema logístico
São
inúmeras as vantagens encontradas na adoção de implantação de Centros de
Distribuição pelas empresas para melhorar sua performance logística. Dentre
elas podem citar algumas como obtenção de melhores preços na negociação junto
aos fornecedores, pois serão adquiridos grandes volumes para um só destino.
Isto beneficia também a questão de custo de frete, evitando pagamento para
entregas fracionadas.
Obtêm-se
vantagens como abertura de mais espaço nas lojas, pois não terão grandes áreas
reservadas para estoque, podendo ser abastecidas regularmente ou a mercadoria
seguir diretamente do Centro de Distribuição para o seu cliente final. Redução
de mão-de-obra nas lojas, pois todo o trabalho de descarga, conferencia e
guarda de mercadorias fica centralizado no Centro de Distribuição. Outro fator
é qualidade no atendimento, pois a proximidade do cliente gera agilidade no
fornecimento e ganhos no processo logístico, com isso aumenta a satisfação do
cliente. (RODRIGUES, 2003).
Como
melhorar um centro de distribuição
Uma
resposta quase imediata para esta questão, seria a implementação de alta
tecnologia no ERP, SCM e WMS. Obviamente que com esta ajuda, conseguir-se-á uma
otimização das operações, mas não é este o aspecto fundamental condicionante
desta melhoria.
É
o processo o ponto mais crítico para a redução de custos de um CD. Este deve
acompanhar a mudança temporal entre fornecedores, clientes e produtos, seja ela
para mais (maior quantidade de fornecedores, produtos e clientes) ou para
menos. O empreendimento do mesmo processo face à mudança da realidade só resultará
numa maior probabilidade de ocorrência de erros que se refletirão em baixa
produtividade e atrasos nas entregas, dando assim origem a mais
custos.(MARTINS, 2012).
REFERÊNCIAS
ALVES,
Pedro L. (2000) - Implantação de tecnologias de automação de depósitos: um
estudo de caso. Dissertação de Mestrado – Administração, Universidade Federal
do Rio e Janeiro.
APTE, Uday M.; VISWANATHAN, S. (2000) - Effective
cross docking for improving distribution efficiencies. International
journal of logistics: research and applications, v. 3, n. 3.
CALAZANS,
Fabíola. (2001) - Centros de distribuição. Gazeta Mercantil: Agosto.
FERREIRA,
Ederson (2011) – Centro de Distribuição. Disponível
em:http://pt.scribd.com/doc/52039761/Centros-de-Distribuicao-armazenagem-estrategica.
Acesso em: 29/09/2012.
LIMA,
Maurício P. (2002) - Armazenagem: considerações sobre a atividade de picking.
Centro de Estudos em Logística (CEL), COPPEAD/UFRJ.
MARTINS,
Cleber (2012). Disponível em:
http://logistica74.blogspot.com.br/2012/07/centro-de-distribuicao.html. Acesso
em: 23/09/2012.
MEDEIROS,
Alex (1999) – Artigos – Estratégias de Picking na Armazenagem. Disponível em:
http://www.ilos.com.br/web/index.php?option=com_content&task=view&id=1072&Itemid=74.
Acesso em: 24/09/2012.
MOURA,
Reinaldo A. (1998) - Sistemas e técnicas de movimentação e armazenagem de
materiais. 4a ed. São Paulo: IMAM, 452 p. (Série manual de logística; v. 1).
RODRIGUES,
Gizela G.; PIZZOLATO, Nélio D. (2003). Disponível em:
http://www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP2003_TR0112_0473.pdf. Acesso em:
22/09/2012.
SOUZA,
Anali (2010) – Centro de Distribuição. Disponível em:
http://fatecid.files.wordpress.com/2010/12/centro-distribuic3a7c3a3o-final-1.pdf.
Acesso em: 25/09/2012.
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