segunda-feira, 15 de junho de 2015

Centros de Distribuição


Definição de centro de distribuição
O termo Centro de Distribuição surgiu como uma expressão moderna de se tratar a armazenagem, mas com alguns conceitos diferentes e que interferem diretamente em sua operacionalização. Nestes Centros de Distribuição ocorrem as seguintes operações de uma forma bem sistematizada para que se possa dar agilidade nos processos: as mercadorias vêm de diversos fornecedores em grandes quantidades (cargas consolidadas). São armazenadas e sua distribuição é feita de forma fracionada a fim de poder oferecer aos seus clientes a opção de aquisição de vários itens em quantidades menores do que a fornecida diretamente pelos fabricantes. A disposição dos Centros de Distribuição é regional para facilitar a proximidade e agilidade no atendimento de seus clientes.
Atualmente o conceito de Centro de Distribuição deixou de ser um depósito ou armazém para acomodação de mercadorias e materiais, e passou a ser uma forma diferente e estratégica de colocação de produtos no mercado. Se bem estruturado e com um posicionamento geográfico estratégico, o CD pode trazer muitos benefícios para a empresa e seus clientes e fazer a grande diferença perante os concorrentes. A montagem de um CD requer uma preparação estratégica e até mesmo a mudança de procedimentos e processos dentro da empresa, para que se tenha uma boa eficiência desta estrutura. Alves (2000, p.139) aponta uma grande diferença entre os depósitos e os CDs: os depósitos, operados no sistema push, são “instalações cujo objetivo principal é armazenar produtos para ofertar aos clientes”; já os CDs, operados no sistema pull, são “instalações cujo objetivo é receber produtos just-in-time de modo a atender às necessidades dos clientes”.

Funções básicas de um centro de distribuição
São executadas em um CD as seguintes atividades básicas: recebimento de mercadorias, conferência, movimentação até o local de armazenagem ou de despacho, guarda/armazenagem de mercadorias, separação de pedidos, embalagem e expedição/transporte, inclui também a auditoria do estoque. (Souza, 2010, pág. 15).
Toda mercadoria que chega pela transportadora, proveniente de um fornecedor, é recebida em volumes devidamente identificados, conferidas juntamente com seus respectivos documentos (NF, romaneio e conhecimento de transporte). Caso haja divergências ou avarias, as mesmas devem ser comunicadas e relatadas para as devidas providências (reposição ou ressarcimento).
Após esta etapa, verifica-se se estas mercadorias deverão ser encaminhadas para a área de armazenagem (picking) para aguardarem uma venda posterior, ou se seguirão diretamente ao cliente. Este processo conhecido como (crossdocking - é a operação na qual o produto é recebido e encaminhado diretamente para a expedição, de acordo com Apte & Viswanathan (2000), com o mínimo de tempo possível a fim de não manter estoque e gerar custos com armazenagem).
As mercadorias que ficarão em estoque devem ter seus volumes desmembrados, conferidos, separados por código e/ou modelo. Deverão ser conferidas suas quantidades e identificadas com o endereço ou localização que ficarão dentro do armazém e em seguida transportadas até o local de estocagem onde deverão permanecer até que sejam solicitadas em algum pedido de venda ou transferência. Neste caso as mesmas serão separadas de acordo com a quantidade solicitada e encaminhada para expedição, onde serão conferidas, embaladas, identificadas e transportadas até o seu destino final. As etapas realizadas no CD serão detalhadas mais abaixo.

 Recebimento
Toda a operação de um Centro de Distribuição se inicia pelo recebimento de mercadorias, atividade esta que serve de base para a realização de todas as outras. Consistem na descarga dos produtos enviados pelos fornecedores, a conferência de quantidades e a integridade do produto. Após concluído o processo de conferência, são feitos os lançamentos das informações no sistema de gerenciamento do armazém (Warehouse Management Systems), assim atualiza-se o estoque e obtém a exata localização onde as respectivas mercadorias devem ser acomodadas até que sejam solicitadas. (RODRIGUES, 2003).

    Movimentação
A movimentação de mercadorias acontece desde o recebimento até a entrega para o consumidor final ou para outros que irão redistribuir estas mercadorias. A movimentação interna consiste em recebê-las, conferi-las e em seguida transportá-las até o ponto onde ficarão armazenadas. Também é considerada movimentação interna a realocação de mercadorias em outros locais dentro do Centro de Distribuição para otimizar espaço e para sua posterior expedição. Consideramos movimentação externa, o transporte de mercadorias até o seu destino final (cliente/consumidor). Toda esta movimentação envolve custos para o Centro de Distribuição, pois utiliza mão-de-obra, tempo e também temos que computar os riscos de avarias e percas em função destas movimentações. Portanto, buscando minimizar estes custos, deve-se avaliar a necessidade de todas as movimentações. (RODRIGUES & PIZZOLATO, 2003).
A oportunidade de reduzir a intensidade da mão-de-obra e aumentar sua produtividade reside nas novas tecnologias de movimentação e manuseio de materiais que estão emergindo atualmente. Segundo Moura (1998), o tipo de equipamento utilizado na movimentação de materiais afeta a eficiência e o custo de operação do CD.

 Armazenagem
Consiste em manter estoques necessários para não haver gargalos entre a oferta e a demanda. Existe um custo elevado em se manter estes estoques, mas isto se faz necessário para que não se tenha custo maior no caso de haver falta de uma determinada mercadoria e ter que se fazer à aquisição a preços maiores do que aqueles que se conseguiria em outra oportunidade, podendo buscar melhores fornecedores, preços mais competitivos e melhores prazos. Estes estoques devem ser mínimos, evitando assim gastos desnecessários com mão-de-obra, manutenção de estoque, equipamentos e alto capital investido. (RODRIGUES & PIZZOLATO, 2003).
A área de armazenagem dos CDs é composta, segundo Calazans (2001), por estruturas como porta-paletes, drive-in, estantes e racks, que são separadas por corredores para ter acesso às mercadorias. Esses corredores são sinalizados para facilitar a operação do CD.

  Separação de pedidos
A separação de pedidos (picking) é a “coleta do mix correto de produtos, em suas quantidades corretas da área de armazenagem para satisfazer as necessidades do consumidor” (LIMA, 2002 p.2). O mais importante nesta etapa é a correta separação dos itens solicitados no pedido para que se evite reclamações e transtornos posteriores, gerando insatisfação dos clientes. Esta etapa é a que mais consome custos operacionais em um Centro de Distribuição.
A parte de acomodação das mercadorias ocupa quase todo o espaço dentro do Centro de Distribuição, por isso é de fundamental importância para agilidade nas operações, que se tenha alternativas para diminuir o tempo gasto com deslocamento de operadores para separação de mercadorias. A sugestão é criar formas práticas de estocagem, endereçamentos lógicos e rotas eficientes para obtenção dos produtos. (RODRIGUES, 2003)

 Expedição
Finalmente chegamos a expedição, considerada a etapa final a ser realizada dentro de um Centro de Distribuição. Nesta etapa o ponto mais importante é a verificação e conferência das mercadorias separadas para envio do pedido. Deve-se ter ferramentas para fornecer segurança nesta conferência, como leitores de código de barras. Após a conferência, deve-se embalar os produtos de forma a garantir que os mesmos não sofram avarias no trajeto até seu destino final. Preparam-se todas as embalagens e documentação que deve acompanhar o pedido e aciona-se o devido meio de transporte para coleta.
Existem alguns fatores que podem influenciar na operação de expedição de uma forma negativa, como: atrasos de transportadoras, problemas na emissão da lista de separação e nota fiscal de saída (principalmente agora que todos operam com nota fiscal eletrônica), não manter sincronia entre recebimento e expedição nas operações de crossdocking e picos de demanda que não foram adequadamente planejados. (RODRIGUES, 2003).

 Vantagens na adoção do cd no sistema logístico
São inúmeras as vantagens encontradas na adoção de implantação de Centros de Distribuição pelas empresas para melhorar sua performance logística. Dentre elas podem citar algumas como obtenção de melhores preços na negociação junto aos fornecedores, pois serão adquiridos grandes volumes para um só destino. Isto beneficia também a questão de custo de frete, evitando pagamento para entregas fracionadas.
Obtêm-se vantagens como abertura de mais espaço nas lojas, pois não terão grandes áreas reservadas para estoque, podendo ser abastecidas regularmente ou a mercadoria seguir diretamente do Centro de Distribuição para o seu cliente final. Redução de mão-de-obra nas lojas, pois todo o trabalho de descarga, conferencia e guarda de mercadorias fica centralizado no Centro de Distribuição. Outro fator é qualidade no atendimento, pois a proximidade do cliente gera agilidade no fornecimento e ganhos no processo logístico, com isso aumenta a satisfação do cliente. (RODRIGUES, 2003).

 Como melhorar um centro de distribuição
Uma resposta quase imediata para esta questão, seria a implementação de alta tecnologia no ERP, SCM e WMS. Obviamente que com esta ajuda, conseguir-se-á uma otimização das operações, mas não é este o aspecto fundamental condicionante desta melhoria.
É o processo o ponto mais crítico para a redução de custos de um CD. Este deve acompanhar a mudança temporal entre fornecedores, clientes e produtos, seja ela para mais (maior quantidade de fornecedores, produtos e clientes) ou para menos. O empreendimento do mesmo processo face à mudança da realidade só resultará numa maior probabilidade de ocorrência de erros que se refletirão em baixa produtividade e atrasos nas entregas, dando assim origem a mais custos.(MARTINS, 2012).

REFERÊNCIAS

ALVES, Pedro L. (2000) - Implantação de tecnologias de automação de depósitos: um estudo de caso. Dissertação de Mestrado – Administração, Universidade Federal do Rio e Janeiro.
APTE, Uday M.; VISWANATHAN, S. (2000) - Effective cross docking for improving distribution efficiencies. International journal of logistics: research and applications, v. 3, n. 3.
CALAZANS, Fabíola. (2001) - Centros de distribuição. Gazeta Mercantil: Agosto.
FERREIRA, Ederson (2011) – Centro de Distribuição. Disponível em:http://pt.scribd.com/doc/52039761/Centros-de-Distribuicao-armazenagem-estrategica. Acesso em: 29/09/2012.
LIMA, Maurício P. (2002) - Armazenagem: considerações sobre a atividade de picking. Centro de Estudos em Logística (CEL), COPPEAD/UFRJ.
MARTINS, Cleber (2012). Disponível em: http://logistica74.blogspot.com.br/2012/07/centro-de-distribuicao.html. Acesso em: 23/09/2012.
MEDEIROS, Alex (1999) – Artigos – Estratégias de Picking na Armazenagem. Disponível em: http://www.ilos.com.br/web/index.php?option=com_content&task=view&id=1072&Itemid=74. Acesso em: 24/09/2012.
MOURA, Reinaldo A. (1998) - Sistemas e técnicas de movimentação e armazenagem de materiais. 4a ed. São Paulo: IMAM, 452 p. (Série manual de logística; v. 1).
RODRIGUES, Gizela G.; PIZZOLATO, Nélio D. (2003). Disponível em: http://www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP2003_TR0112_0473.pdf. Acesso em: 22/09/2012.
SOUZA, Anali (2010) – Centro de Distribuição. Disponível em: http://fatecid.files.wordpress.com/2010/12/centro-distribuic3a7c3a3o-final-1.pdf. Acesso em: 25/09/2012.


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