domingo, 14 de junho de 2015

Embalagens

O que é uma embalagem? Esta simples pergunta pode ter vários tipos de respostas. Por exemplo, para a pessoa de marketing, embalagem é um meio de apresentar o produto para gerar vendas.
Para a pessoa de distribuição, é um meio de proteger o produto durante o transporte, estocagem e movimentação. Já para o consumidor de varejo, embalagem é um meio de satisfazer ao desejo de consumo do produto.
Embalagem pode ser definida como sendo o sistema integrado de materiais e equipamentos com que se procura levar os bens e produtos às mãos do consumidor final, utilizando-se dos canais de distribuição e incluindo métodos de uso e aplicação do produto.


Figura 01 – Forma comum de embalagem.

Também pode ser um elemento ou conjunto de elementos destinados a envolver, conter e proteger produtos durante sua movimentação, transporte, armazenagem, comercialização e consumo. Além disso, pode incluir a limpeza, secagem, preservação, empacotamento, marcação e unitização.

Conceito do sistema de embalagem

Entende-se como sistema de embalagem tudo aquilo que a envolve, suas operações e materiais necessários para mover os produtos do ponto de origem até o consumo, inclusive maquinários, equipamentos e veículos para o seu embarque.
A melhor definição de embalagem é de um sistema, não simplesmente de um contenedor físico, mas sim de um conjunto interrelacionado de componentes de atividades, constituído de:
1.       Matéria-prima básica (isto é, madeira, areia, minérios e produtos químicos);
2.       Operações que conformam os materiais em embalagem ou contenedores;
3.       Operações onde a embalagem é preenchida, quantificada, inspecionada quanto à qualidade e fechada;
4.       Unitização ou outras preparações para distribuição;
5.       Distribuição através de canais, envolvendo estocagem, movimentação e transporte;
6.       Esvaziamento da embalagem através do consumo do produto;
7.       Disposição, reutilização ou reciclagem da embalagem.

Classificação das embalagens

Existem embalagens que são, essencialmente, de transporte (uma caixa de madeira) ou de apresentação (o envoltório de um tablete de chocolate), e embalagens que são essencialmente de conservação (o óleo com o qual se cobre um objeto metálico, para sua conservação). Mas, estes constituem exemplos limites e, apesar deles, a divisão não é tão nítida como poderia parecer à primeira vista. O envoltório de chocolate serve para apresentar o produto, mas também, ainda que por pouco tempo, para conservá-lo; o óleo conserva o objeto metálico, mas também pode protege-lo durante sua expedição; inclusive a caixa de madeira, construída adequadamente, pode contribuir para a apresentação do produto ou para dar uma imagem da empresa.
Na realidade, proteção, apresentação e conservação são mais funções que atributos da embalagem.
Uma embalagem ou um conjunto de embalagens podem ser classificados de divesas maneiras, a ver:
1.       Funções:
Primária, secundária, terciária, quaternária e de quinto nível.
2.       Finalidade:
De consumo (venda ou de apresentação);
Expositora;
De distribuição física;
De transporte e exportação;
Industrial ou de movimentação;
De armazenagem.
3.       Movimentação:
Movimentadas manualmente;
Movimentadas mecanicamente.
4.       Utilidade:
Retornáveis;
Não retornáveis.
Embalagem primária — é aquela que contém o produto (vidro, lata, plástico, etc.), sendo a medida de produção e de consumo. Também pode ser a unidade de venda no varejo.

Figura 02 – Embalagem primária.

Embalagem secundária — é o acondicionamento (contenedor) que protege a embalagem primária. Por exemplo, uma bandeja de cartão com filme termoencolhível.

Figura 03 – Embalagem secundária.

Embalagem terciária — é o caso das caixas de madeira, papelão, plástico ou outro material. A combinação da embalagem primária e secundária acaba sendo a medida de venda ao atacadista. 

Figura 4 – Embalagem terciária.

Embalagem quaternária — envolve o contenedor, que facilita a movimentação e a armazenagem.

Figura 5 – Embalagem quaternária.
Embalagem de quinto nível — é a unidade conteinerizada ou as embalagens especiais para envio a longa distância.


Figura 6 – Embalagem de quinto nível.

Embalagem de consumo — É a embalagem primária e, às vezes, a secundária, que levam o produto ao consumidor. Por isso, é que geralmente é estudada e projetada cuidadosamente. Naturalmente, aplica-se apenas aos produtos de grande consumo. Requer, principalmente, em função da organização do consumo durante um certo período, a definição das dimensões, da forma, da cor geral, e do aspecto gráfico, de maneira a torná-la atraente ao cliente. A embalagem de distribuição geralmente precisa de acondicionamento para as operações de movimentação e armazenagem.
Embalagem expositora — é aquela que, além de poder transportar o produto, visa expor o mesmo. Contém apelos para que a venda seja efetuada, impondo ao comprador um forte impulso para que realize a compra no ato. Chamada também de auto-venda.
Caracteriza-se ainda por:
1.       Ser usada para as mercadorias de vendas diárias;
2.       Manter unidas e protegidas as embalagens de consumo durante o transporte e a movimentação;
3.       Ser empilhável;


Figura 7 – Embalagem expositora.

4.       Estar “pronta para venda”, exigindo o menor esforço para abri-la;
5.       Ter um texto e decoração atrativa;
6.       Permitir a coleta da embalagem de consumo;
7.       Ser fácil de manipular, tanto em peso quanto em volume.
Embalagem de distribuição física — é aquela destinada a proteger o produto, suportando as condições físicas encontradas no processo de carga, transporte, descarga e entrega. Pode ser uma embalagem primária (uma industrial, como um tambor, pr exemplo), ou secundária, isto é, uma embalagem de produtos pré-embalados em unidades menores. Ela pode ou não ser unitizada, alcochoada ou impermeabilizada, e envolve a definição de um sistema de embalagem, que veremos nos próximos capítulos.
Mais fácil que conceituar, é citar alguns exemplos. Chamamos de embalagens de distribuição física as seguintes:
1.       Embalagens de papelão ondulado;
2.       Caixas de madeira e plástico;
3.       Engradados de madeira;
4.       Sacos de papel ou plásticos;
5.       Tambores de aço, fibra, plásticos ou mistos;
6.       Cilindros e bujões para gases;
7.       Barris e tonéis de madeira;
8.       Fardos;
9.       Carretéis para cabos;
10.   Tanques paletizados;
11.   Contenedores flexíveis para granéis;
12.   Berços (“racks”) para fixação, empilhamento e transporte de peças;
13.   Bases de madeira (“skids”) para acondicionamento de maquinário;
14.   Bombonas para produtos químicos.
São as seguintes as características da embalagem de distribuição física:
·         Proteger o produto durante as duras etapas de distribuição física;
·         Fornecer identificação do conteúdo e instruções especiais para utilização;
·         Fornecer ao cliente facilidades para abrir, desembalar, fechar novamente, reutilizar ou descartar.
·         O sistema total não é embalar: é distribuir o produto.
Embalagem de transporte e exportação — É a embalagem ou o acondicionamento que protege um produto durante os diversos modos de transporte, geralmente facilitando estas operações.
Pode acompanhar o produto desde a fábrica até o destinatário final (como no caso de máquinas, geladeiras, etc.), ou desde a fábrica até um centro de distribuição, como um supermercado, por exemplo.
O seu conceito envolve a embalagem destinada a conter e/ou proteger o produto embalado durante o transporte e, consequentemente, durante os manuseios, as movimentações mecânicas e as estocagens. Tal conceito pode ser aplicado também a certos tipos de embalagens de venda ao consumidor, dotadas de proteção a choques, vibrações e umidade.

Figura 8 – Embalagem de transporte.

Tambores e outras embalagens “primárias”, de venda ao consumidor, também são consideradas embalagens de transporte.
·         A sua principal função é proteger o conteúdo dos acasos de transporte.
·         Deve ser estruturada em função dos elementos seguintes:
·         Natureza da mercadoria;
·         Meios de transporte utilizados sucessivamente;
·         Meios de movimentação usados nas várias escalas, incluindo os das extremidades do percurso;
·         Duração e meios de transporte;
·         Influência climática das zonas atravessadas (calor, frio, chuvas), considerando o período de expedição e a duração total do transporte (incluindo os eventuais tempos de paradas e de armazenagem);
·         Disposição especiais resultantes de regulamentos legais (alfândegas, autoridades portuárias, etc).
Por outro lado, a embalagem de transporte permite, na maior parte dos casos, a armazenagem de duração mais ou menos longa, quer antes da expedição, quer durante as escalas, ou ainda no decurso do transporte pelos vários entrepostos e armazéns.
Embalagem industrial ou de movimentação — É aquela que protege o material durante a estocagem e a movimentação dentro de um conjunto industrial, entre fábricas de uma mesma empresa ou entre fornecedores e clientes.
Caracteriza-se por apresentar: uso repetitivo;  dispositivos para erguer e içar e encaixes auto-suportantes.
Exemplo: contenedores, caçambas, paletes, etc.
A embalagem industrial é movimentada com muita frequência, razão pela qual precisa ser robusta para suportar os impactos de empilhadeira, batida no solo e transporte em carretas ou caminhões. Possui diversas formas, de modo a adaptar-se aos vários tipos de áreas de trabalho — fundição, usinagem, estamparia, tecelagem, injeção, etc.
Embalagem de armazenagem — Tem a função e proteger o material dos agentes agressivos externos:
·         Dos agentes físicos: choques, variações de temperatura, grau higrométrico, luminosidade;
·         Dos agentes químicos: vapores ácidos, ação do ar sobre o comportamento químico de alguns produtos de fraca estabilidade;
·         Dos parasitas vegetais ou animais: bolores, bactérias, insetos, roedores, etc.
Esta embalagem pode ser formada por uma simples película de óleo, gordura e cera ou comportar um revestimento hermético, simples ou composto, como uma folha de plástico e até um silo.
Uma outra forma de classificação das embalagens e quanto à movimentação: manual ou mecânica.

Figura 9 – Embalagem para armazenamento de produto a granel.

Embalagem movimentada manualmente — É aquela não adequada à operação por empilhadeira ou outro veículo industrial, e cujo peso não deve exceder a 30 kg.
Embalagem movimentada mecanicamente — É aquela em que a quantidade de volumes a serem transportados é muito grande, o número de movimentações é considerável, as distâncias ou alturas são grandes ou possui peso acima de 30 kg, sendo necessário recorrer à movimentação mecânica. Para isto, são geralmente utilizadas (cargas paletizadas, “slip-sheeted”, “skidded”, embaladas por encolhimento, conteinizadas, etc.), de forma que possa ser movimentada por uma empilhadeira ou outro veículo industrial.
Embalagem retornável — Como diz o próp+rio nome, é aquela que retorna à origem, geralmente para sua reutilização industrial.
Quando bem projetada, tem uma longa vida de uso. Geralmente leva a marca do seu proprietário.
Incluem-se os cestos e caixas metálicas, caixas e engradados reforçados com madeira, contenedores de metal ou plástico, dispositivos especiais, paletes, plataformas metálicas (rack), etc.

Figura 10 – Embalagem paletizada retornável.

Apresenta as seguintes características:
1.       Requer investimento e, portanto, capital adicional;
2.       Quando não desmontável ou colapsível, ocupa o mesmo espaço quando vazia ou cheia;
3.       Implica em custo de transporte, para retorno;
4.       Requer controles de expedição e recebimento;
5.       Exige documentação fiscal para o seu transporte;
6.       Requer manutenção e conservação constante;
7.       É obrigatório, por foça de lei, que a empresa a identifique com seu nome e numeração sequencial, para controle. Por exemplo: “propriedade da (nome da empresa)”.
Embalagem não-retornável — é utilizada em um único ciclo da distribuição. Em alguns casos, é reaproveitada pelo destinatário.
Geralmente, é constituída em madeira, papelão ondulado, plástico, sacos multifolhados de papel, tambores de fibra, etc.
Apresenta as seguintes características:
1.       Menor custo (é considerada despesa, e não investimento);
2.       Dispensa controles e documentação fiscal;
3.       É leve e, portanto, implica em menor custo de transporte;
4.       Deve ser resistente para permitir boa estabilidade da carga no ciclo da distribuição e armazenagem.
Mais importante é, no que diz respeito à terminologia, a distinção entre embalagem retornável e não retornável. Estas formas de assimilar o destino final de uma embalagem, uma vez liberado seu conteúdo, são eficazes, sem dúvida, para distinguir a retornável e reintroduzi-la no mercado da que, pelo contrário, é abandonada e que constitui um grave problema ecológico, higiênico, social e estético. É interessante assinalar que o volume de embalagem não-retornável e reciclável diminui em relação ao de embalagem que vai ingressar nas lixeiras.

Figura 11 – Embalagem paletizada não retornável.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] MOURA, R. A. Equipamentos de Movimentação e Armazenagem. 5. ed. São Paulo: IMAM, 2000. Série manual de logística. Vol. 4.

[2] MOURA, R. A. Embalagem, unitização & conteinerização. 2. ed. São Paulo: IMAM, 1997. Série manual de logística. Vol. 3. 

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